terça-feira, 25 de outubro de 2011

“para destruirmos o rochedo sobre o qual fundou Deus a sua Igreja”

Planos maçonicos do século XIX que aparentemente, repito: aparentemente, estão bem encaminhados. Por que tanto silêncio do clero brasileiro quanto a esta maldita sociedade? Leia o que se segue:

(…)O Papa, seja ele quem for, não virá para as sociedades secretas: a estas é que cumpre dar os primeiros passos para a Igreja, a fim de vencê-los a ambos (o Papa e a Igreja).

O trabalho que vamos empreender não é obra nem de um dia, nem de um mês ou ano: pode durar muitos anos, um século talvez; mas, em nossas fileiras, morre o soldado e o combate continua. Não está em nossa mente angariar os Papas para a nossa causa, fazer deles neófitos para os nossos princípios, propagadores de nossas idéias. Seria sonho ridículo e por qualquer modo que os sucessos volteiem, que os cardeais e prelados, por exemplo, hajam entrado por vontade ou surpresa em uma parte dos nossos segredos, não é isto uma razão para desejarmos a sua elevação à cadeira de Pedro. Esta elevação perder-nos-ia: bastava a ambição para os impelir à apostasia, a necessidade do poder havia de forçá-los a imolar-nos. O que devemos pedir, procurar e encontrar, como os judeus esperam o Messias, é um Papa adaptado às nossas necessidades.

(…)

Assim marcharemos com mais firmeza ao assalto da Igreja, do que por meio dos escritos de nossos irmãos da França, e até do ouro da Inglaterra. Quereis saber a razão? É porque, deste modo, para destruirmos o rochedo sobre o qual fundou Deus a sua Igreja, não precisamos de vinagre corrosivo, pólvora, ou mesmo de nossos braços: teremos o dedinho do sucessor de Pedro envolvido na conspiração e este dedinho vale, em tal cruzada, todos os Urbanos II e S. Bernardos da Cristandade.

Não duvidamos chegar a este termo supremo de nossos esforços; mas quando e como? Ainda se não acha desembaraçada a incógnita. Sem embargo, como nada nos deve desviar do plano traçado e, pelo contrário, tudo deve concorrer para ele, como se o êxito feliz devesse coroar desde o dia de amanhã a obra apenas planejada, queremos nesta instrução que ficará secreta para os simples iniciados, dar aos prepostos da Alta Venda conselhos que eles deverão transmitir à universidade dos irmãos, sob a forma de doutrina ou memorandum. Importa principalmente, usando de certa discrição cujos motivos são palpáveis, nunca deixar pressentir que estes conselhos dimanam das ordens desta Venda. Manobra-se aí em demasia com o clero para que possamos a esta hora brincar com ele como com um desses pequenos soberanos ou príncipes que um sopro faz desaparecer.

Documento da Loja Maçônica Alta Venda apreendido pela Polícia dos Estados Pontifícios em 1846.

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