terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Cadê os confissionários?

Confessionários – uma treliça, pelamordideus!

Por A Catequista

Confessar os pecados é uma prova de amor a Cristo. Só o amor (ok, e talvez
uma pitada de medinho do Inferno) faz com que alguém exponha as suas piores
debilidades a outra pessoa, muitas vezes a um estranho. Se o pecador tem um
mínimo de vergonha na cara, confessar-se já é em si uma penitência.

confessionario_homer_simpsonQuando atrelou o perdão dos pecados à confissão
dos mesmos aos seus Apóstolos (Jo 20:23), Jesus determinou que um gesto
concreto de arrependimento deveria ser realizado. Pedir perdão ao Deus
“escondido” e impessoal é muito fácil; mas declarar as faltas a outra pessoa
é agulhada na nossa prepotência.

Eu confesso: tenho vergonha de me confessar. Já deixei de pecar muitas
vezes, só pra não ter que me confessar depois! Não estou bem certa, mas algo
me diz que eu não sou a única pecadora acanhada da paróquia. Quanto a isso,
já ouvi algo do tipo: “Ah, mas na hora de pecar não teve vergonha de Deus,
que estava vendo!”. Tudo bem, Ele sempre me vê, mas o oposto não ocorre;
lamentavelmente, nem sempre eu me dou conta da Sua doce Presença.

Ainda bem que tenho óleo de peroba aqui em casa: passo na minha cara-de-pau
e saio pra me confessar, sempre que necessário. Mas imagino que a vergonha
possa frear a intenção de muitas pessoas em buscar o perdão de Deus,
desestimulando a sua ida ao confessionário. Estas pessoas estão erradas?
Sim, é claro. Por outro lado, o ambiente em que a maioria dos confessores se
propõe a confessar não é convidativo.

Atualmente, quase todas as paróquias dispõem de “salas de atendimento dos
sacerdotes” ou algo do tipo. Você tem que ficar cara a cara com o padre, e
não conta mais com aquela tão conveniente treliça, que vela o rosto dos
penitentes nos confessionários tradicionais. Complacente com os vexados de
plantão, o nosso inesquecível João Paulo II apresentou em 2002 o Motu
Proprio Misericordia Dei (clique aqui
<http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/motu_proprio/documents/hf_jp
-ii_motu-proprio_20020502_misericordia-dei_po.html> para ler), em que
determina que as sedes para as confissões devem estar munidas de uma “grade
fixa”. Ora, se o próprio Papa mandou, porque muitos bispos e párocos fazem
ouvido de mercador?

Nesse mesmo documento, o Papa condena “a tendência ao abandono da confissão
pessoal”, devido ao recurso abusivo à “absolvição geral” ou “comunitária”,
que só deveria ser aplicada em casos extremos. Taí um puxão de orelha nos
padres que não se dedicam a atender os fiéis em confissão, e perdoam os
pecados coletivamente (sem justificativa grave), dispensando a acusação
individual das faltas.disfarce

Quanto ao confessionário de treliça, se o grande JP II foi solenemente
ignorado pelo clero em geral, quem sou eu para ter a ilusão de que meus
anseios serão atendidos? Póbi di mim. Mas, pensando bem, não é nada que não
possa ser contornado com o nosso jeitinho brasileiro… Para resguardar o
anonimato durante as confissões, os homens poderão usar bigodes postiços; já
as mulheres poderão usar leque no verão e burca no inverno!

Nãaaaao, acho que não…

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